As obras de escritoras latino americanas para a presente pesquisa são exemplos de narrativas que permitem aos leitores e às leitoras reconhecerem, ao final, a origem estrutural de uma sociedade sul-americana, cristã, que adentra o século XXI com os resquícios do processo de colonização e colonialidade de poder/saber/gênero (Mignolo, 2003; Lugones, 2014) que marcam a história latino-americana. Consciente deste processo histórico, mas também de um presente marcado por ele, o tema da(s) violência(s) contra a mulher tem sido recorrente entre as escritoras latinas neste século XXI. Neste novo século, as autoras têm escancarado a realidade e o peso das violências psicológicas, marcas de múltiplos discursivos responsáveis por moldar os corpos de mulheres e, muitas vezes, de legitimar/naturalizar a agressão física, a violência sexual, o feminicídio. É sempre importante ressaltar que, quem se apodera do discurso, se apodera também do poder. Umas das estratégias de enfrentamento de discursos/práticas opressivas e violentas em relação às mulheres no campo das ciências humanas advém da literatura, dessa arte que é altamente questionadora e resiliente, como é o caso das obras aqui selecionadas. As representações políticas e da(s) violência(s) serão o fio condutor da análise que será empreendida, mas reforço, mais uma vez, que além de chamarem a atenção para o debate político, étnico, econômico, elas também se situam como espaço de denúncia e de resistência.